por Bruno Vecchiato
A moda masculina vem cada vez
mais ficando espaçosa e deixando de lado os tabus sobre preconceito dos homens
que se interessam por ela. Podemos afirmar que os tempos atuais estão
favoráveis para nós, homens que se preocupam com a imagem pessoal, seja em um
ambiente familiar, de trabalho ou até “jogatina”. Nada mais é desculpa para não
se preocupar ao se vestir, e os investimentos são bem visíveis. Grandes
editoras por exemplo, vêm investindo revistas de lifestyle e guias de estilo, e na rede, sites e blogs explodem com diversas dicas
para amparar esse homem faminto de informação.
Os agradecimentos vão para Beau Brummell e Oscar Wild pela força durante os velhos tempos dos dândis. Sem eles as coisas
seriam um tanto diferentes (não muito, porque daríamos um jeito). Como grandes
influências e seguidores fiéis do bem estar masculino e do bom gosto, ao saírem
de casa sempre elegantes, os dandis cravaram na sociedade que os homens também
tem o felling para se vestirem bem.
Bem mais do que a imagem
pessoal, hoje o mercado vem se adaptando rapidamente para abraçar esse cara,
que além de moda procura também consumir tecnologia, automóveis e imóveis de
primeira linha. Tudo está voltado para o esse homem transitório, que passou da
fase "estou bem assim" para "posso ficar ainda melhor".
E para expressar a opinião
sobre esse tal homem moderno, entrevistarei o estilista da Heroína (marca que
trabalha a moda como expressão artística e tem como conceito o trabalho
artesanal), o curitibano Alexandre Linhares, que hoje
em dia tem seu espaço garantido no line up do Paraná Business Collection. Em sua
ultima coleção Verão 2013, apresentou conceitos instigantes de como os
interesses das amarras no corpo podem transmitir e apresentar diferentes
formas, tendo um "acessório" perturbador como inspiração: a camisa de
força. E foi girando em torno de uma trilha com citações perturbadoras sobre
práticas -tentadoras- de tiques estranhos que a coleção foi apresentada. De dez looks, dois foram masculinos, havendo transparência,
alfaiataria e o conceitual devido a uma minissaia e acessórios sádicos.
Vamos às perguntas
Navy Blue Closet: Reflexo da demanda no consumo, quebras e firmamentos
da economia e as mudanças climáticas descontroladas do nosso planeta: tudo é
motivo para "adaptações" de vestuário. Com o seu olhar criativo você
encaixa esses acontecimentos em uma coleção? Como?
Alexandre Linhares: Numa coleção não procuro incluir nenhuma dessas
questões. Meu processo é interno, é uma poesia. Não me preocupo se é uma
questão global, se é tendência, nada disso. Falo sobre o que pensa meu coração.
As mudanças e adaptações são tratadas num outro braço da Heroína, customizações
NVBC: Qual
o perfil do consumidor da marca?
Alexandre Linhares: 70% mulheres e 30% homens. São pessoas que não estão
satisfeitas com as coisas como elas são. Não seguem o fluxo
NVBC: Quais são as suas maiores influencia
durante o processo criativo?
Alexandre Linhares: Começo com uma história, em seguida uma personagem e
visto essa personagem. Acaba que o processo é seu próprio fio condutor. Me
deixo levar pela emoção e pelo acaso e me interno num caso. Claro que a
identidade da marca é intocável, e existem temas recorrentes. O questionamento
social é recorrente. O pensamento humano é recorrente.
NVBC: Uma música que não sai da sua playlist por nada.
Alexandre Linhares: Tudo sai... preciso sempre de coisa nova tocando
NVBC: Uma
citação que você leva como um mantra.
Alexandre Linhares: Ando pensando numa frase que ouvi a Bethânia dizendo
num show que fala da “vontade de estar perto se longe, ou de estar mais perto
se perto”
NVBC: O homem vem se mostrando um exigente
consumidor de moda. Para você, criado e investidor, isso se tornou um desafio
ou apenas mais um "prato na mesa"?
Alexandre Linhares: Na minha opinião, o homem sempre foi consumidor de
moda. O maior desafio é mostrar a ele que a moda não se resume ao pensamento
comum. A moda é ele quem faz – não precisa ter limites, não precisa aceitar o
que ninguém fala, não precisa ter regra, não precisa “precisar”. É isso que eu
falo na coleção atual, essa é a trilha do desfile: youtube.
NVBC: Ainda
tem muitos caras que gostam de moda mas tem um certo receio ou insegurança.
Como e por onde eles devem começar?
Alexandre Linhares: Ele só tem que ser ele mesmo, usar o que quiser usar,
da maneira que quiser usar. A única coisa que ele não deve fazer é ouvir alguém
que diz como ele deve se “vestir”.
Alexandre no final do seu desfile no Paraná Business Collection Verão 2013 |
Para saber mais sobre o trabalho de Alexandre e sobre a marca Heroína acesse
atelier-heroina.blogspot.com.br, aqui você encontrará todos os trabalhos e também ficará por dentro do que rola em seu atelier.
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